quinta-feira, 3 de setembro de 2009

“Queremos que a mídia fale, mas não nos cale”

“Queremos que a mídia fale, mas não nos cale”

Por Silmara Helena

A mídia brasileira foi alvo de intensa crítica durante realização do debate Mídia, Democracia e Sociedade Civil, que discutiu o tema: “Controle público fere a liberdade de imprensa?”. Atividade de mobilização do Movimento Pró-Conferência em São Paulo, o evento reuniu nomes como o jornalista Luís Nassif; o ombudsman da Folha de S. Paulo, Carlos Eduardo Lins da Silva; o deputado estadual Rui Falcão, e o prof. Dr. Laurindo Lalo Leal Filho, da Universidade de São Paulo (USP). Cerca de 200 pessoas participaram do evento, realizado segunda-feira passada (31/8) pelo mandato do vereador Francisco Chagas, na Câmara Municipal de São Paulo.

“A imprensa brasileira é facciosa e partidária. A mídia não está a serviço da democracia. É o quarto poder para reforçar o poder dominante”, afirmou o deputado estadual e líder da bancada do PT na Assembléia Legislativa de São Paulo, Rui Falcão. Segundo ele, o Brasil é o único país dos 199 que compõem a Organização das Nações Unidas (ONU) que não possui Lei de Imprensa. “Nós não temos sequer o direito de resposta regulamentado, e a mídia insiste na autorregulamentação”.

Falcão também salientou o fato de não existir no Brasil um Código de Ética aceito por trabalhadores e pelo setor patronal da área de comunicação, além de o documento não garantir ao jornalista “objeção de consciência”. Ele foi duro quanto à acusação de setores da sociedade de que o controle público representa uma censura. “A mídia comete censura duas vezes. A primeira, quando não dá direito ao contraditório; a segunda, quando faz com que opinião política e partidária passe por informação, dando à população uma ideia enviesada de que aquilo é notícia”.

Presidente do Movimento dos Sem-mídia, Eduardo Guimarães criticou a falta de debate na imprensa. “Temos um sentimento de indignação em relação aos meios de comunicação social, que não dão voz a quem pretende fazer o debate, o contraditório”, afirmou. “Queremos criar um selo democrático para aqueles meios que permitam este debate. Queremos que mídia fale, mas não nos cale”.

O jornalista Luís Nassif disse que a mídia brasileira tenta manipular a opinião pública. “A mídia brasileira está desesperada e atira para todos os lados. Até porque já existe um conjunto de blogs que começa a criar uma massa crítica, criando uma multiplicidade de geradores de informação. Estamos em uma fase de transição do modelo de mídia, e o processo de modernização do País por meio das novas tecnologias é irreversível.”

Os debatedores também destacaram outros aspectos da função e da atuação da mídia hoje no Brasil e a necessidade de interferência do Estado para garantir a quebra do oligopólio dos meios de comunicação social. Além disso, salientaram a importância da realização de conferências de comunicação por todo o País, como forma de criar uma massa crítica em relação ao tema.

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