por Silmara Helena
A exposição Retrato de Mulheres do Jardim Maitê estará, a partir desta terça-feira (19/1), na sede da Associação de Moradores do bairro. O trabalho, realizado pelo fotógrafo Wanderley Costa, da Secretaria Municipal de Comunicação Social (Secom), reúne cerca de 40 imagens em preto e branco de mulheres integradas a projetos sociais desenvolvidos no local.
As fotografias foram feitas em agosto do ano passado como resultado do debate iniciado na entidade sobre “Mulher e Mídia” e que também foi tema de discussão durante a 1ª Conferência Municipal de Comunicação Social - Confecom. O objetivo da exposição é provocar uma reflexão sobre a maneira como a figura feminina é retratada pela mídia e estabelecer um olhar crítico sobre os estereótipos, principalmente estéticos, impostos à mulher através dos meios de comunicação.
A exposição Retrato de Mulheres foi apresentada ao público, pela primeira vez, na abertura da Confecom, mas já foi montada em outros eventos públicos realizados no Centro de Educação e Cultura “Francisco Carlos Moriconi” e no Teatro Municipal “Dr. Armando de Ré”.
Retratos de Mulheres poderá ser visitada pelo público até 26 de fevereiro, de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h (com intervalo para almoço das 12h às 13h), na Associação de Moradores do Jardim Maitê (Estrada do Areião, 1.598). Após este período, as fotos poderão ser conferidas na abertura da 6ª Semana da Mulher da Prefeitura de Suzano, que será realizada em março.
O Blog Confecom-Suzano é resultado da 1ª Confecom (Conferência Municipal de Comunicação) e da 1ª Comunica Alto Tietê. É um espaço de debate sobre Comunicação e assuntos de interesse público.
segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
terça-feira, 12 de janeiro de 2010
O debate da desinformação
Por Luciano Martins Costa
Comentário para o programa radiofônico do OI, 12/1/2010
Definitivamente, não é pela imprensa que o cidadão brasileiro será informado sobre o verdadeiro significado do Programa Nacional de Direitos Humanos, ponto central da polêmica que inaugura este ano eleitoral.
Até esta data, passadas mais de duas semanas da divulgação do texto do decreto, cujos detalhes já vem sendo discutidos publicamente há anos, os jornais e revistas ainda não fizeram mais do que reproduzir declarações – na maior parte de personalidades contrárias às principais propostas.
A coisa funciona mais ou menos assim: os editores dão uma olhada no essencial e determinam como o tema será abordado. Em seguida saem as pautas para os repórteres, que tratam de coletar declarações.
Para reforçar o controle da opinião que será formada, encomendam-se artigos para os mesmos protagonistas de sempre – aqueles que garantem seu quinhão de exposição pública, pelo talento de agradar a corrente dominante na imprensa, não importa qual seja o assunto.
Essas declarações, pela proporção, pela extensão e pelo destaque que ganham em cada página, definem como pensam os donos dos jornais. E os donos dos jornais são conservadores.
Opiniões radicalizadas
É assim que funciona o mecanismo de controle das discussões públicas. Não que funcione como controle efetivo, porque, com as novas tecnologias de informação, a comunicação se estende para muito além da imprensa de papel e da televisão. Mas, para o mundo institucional, a imprensa tradicional ainda é o principal veículo que organiza e delimita a agenda pública.
Da mesma forma que coloca em discussão sob restrições o Programa Nacional de Direitos Humanos, a imprensa parece pouco interessada em aprofundar o debate de temas importantes que compõem o decreto.
Como o noticiário disponível não contempla as sutilezas do que se propõe no decreto, o resultado é a radicalização das opiniões, como se pode observar nos comentários que suscitam qualquer citação aos temas da proposta.
A discussão pública, inclusive neste Observatório, acontece mais em função da desinformação provocada pela imprensa do que pela informação que a imprensa pode ou quer oferecer.
Saber jurídico
Observe-se, por exemplo, as escaramuças entre "lulistas" e "fernandistas", núcleos principais dos dois blocos políticos em que o Brasil parece inevitavelmente dividido. Os dois lados parecem ignorar que o Programa Nacional de Direitos Humanos é um dos muitos pontos em comum entre a agenda petista e a dos tucanos.
Na verdade, a maior parte dos temas que estão englobados na proposta foi organizada no governo do PSDB, como parte da ambição do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso por dar ao Brasil uma face mais moderna, à maneira européia.
Somente na terça-feira (12/1), quando as posições já se radicalizaram pela desinformação, os jornais observam as semelhanças entre a proposta do governo do PSDB e a do governo atual.
No que se refere à questão do julgamento dos militares que praticaram torturas e assassinatos durante a ditadura e no período da redemocratização, por exemplo, quase escapa do conhecimento dos leitores o fato de que é a Ordem dos Advogados do Brasil, e não uma associação de terroristas, que defende a punição dos criminosos em qualquer época, independentemente de ter havido uma lei de anistia.
Honrando o saber jurídico vigente no mundo civilizado, a OAB quer que a tortura seja considerada crime sem prescrição. Assim também acontece com a maior parte dos outros temas contemplados no decreto.
A vanguarda do atraso
Há evidências de que o texto original sofreu alterações, e essas distorções estão sendo corrigidas. De qualquer maneira, a proposta inteira tem que ser transformada em projetos que serão levados ao Congresso Nacional para serem votados ao longo dos próximos meses. Com a má vontade que caracteriza a maioria dos congressistas quando não há vantagens em jogo. Para eles.
O projeto da descriminalização do aborto, como lembra a Folha de S.Paulo, está travado no Congresso desde 1991. Ao limitar o entendimento da sociedade sobre o que está sendo proposto, a imprensa tradicional reveste de um caráter revolucionário e controverso uma proposta que não faz mais do que equiparar a legislação brasileira ao resto do mundo contemporâneo.
Se o Brasil quer e pode ser uma potência econômica, também tem que dar o passo no sentido de modernizar as regras de convivência social, no que se refere ao direito das mulheres de dispor sobre seu próprio corpo, ao direito à defesa de suspeitos sem coação e tortura, ao direito de agricultores sem terra de pleitear políticas de gestão territorial mais eficientes, e assim por diante.
O resto é desinformação, que só ajuda os vanguardistas do atraso.
Comentário para o programa radiofônico do OI, 12/1/2010
Definitivamente, não é pela imprensa que o cidadão brasileiro será informado sobre o verdadeiro significado do Programa Nacional de Direitos Humanos, ponto central da polêmica que inaugura este ano eleitoral.
Até esta data, passadas mais de duas semanas da divulgação do texto do decreto, cujos detalhes já vem sendo discutidos publicamente há anos, os jornais e revistas ainda não fizeram mais do que reproduzir declarações – na maior parte de personalidades contrárias às principais propostas.
A coisa funciona mais ou menos assim: os editores dão uma olhada no essencial e determinam como o tema será abordado. Em seguida saem as pautas para os repórteres, que tratam de coletar declarações.
Para reforçar o controle da opinião que será formada, encomendam-se artigos para os mesmos protagonistas de sempre – aqueles que garantem seu quinhão de exposição pública, pelo talento de agradar a corrente dominante na imprensa, não importa qual seja o assunto.
Essas declarações, pela proporção, pela extensão e pelo destaque que ganham em cada página, definem como pensam os donos dos jornais. E os donos dos jornais são conservadores.
Opiniões radicalizadas
É assim que funciona o mecanismo de controle das discussões públicas. Não que funcione como controle efetivo, porque, com as novas tecnologias de informação, a comunicação se estende para muito além da imprensa de papel e da televisão. Mas, para o mundo institucional, a imprensa tradicional ainda é o principal veículo que organiza e delimita a agenda pública.
Da mesma forma que coloca em discussão sob restrições o Programa Nacional de Direitos Humanos, a imprensa parece pouco interessada em aprofundar o debate de temas importantes que compõem o decreto.
Como o noticiário disponível não contempla as sutilezas do que se propõe no decreto, o resultado é a radicalização das opiniões, como se pode observar nos comentários que suscitam qualquer citação aos temas da proposta.
A discussão pública, inclusive neste Observatório, acontece mais em função da desinformação provocada pela imprensa do que pela informação que a imprensa pode ou quer oferecer.
Saber jurídico
Observe-se, por exemplo, as escaramuças entre "lulistas" e "fernandistas", núcleos principais dos dois blocos políticos em que o Brasil parece inevitavelmente dividido. Os dois lados parecem ignorar que o Programa Nacional de Direitos Humanos é um dos muitos pontos em comum entre a agenda petista e a dos tucanos.
Na verdade, a maior parte dos temas que estão englobados na proposta foi organizada no governo do PSDB, como parte da ambição do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso por dar ao Brasil uma face mais moderna, à maneira européia.
Somente na terça-feira (12/1), quando as posições já se radicalizaram pela desinformação, os jornais observam as semelhanças entre a proposta do governo do PSDB e a do governo atual.
No que se refere à questão do julgamento dos militares que praticaram torturas e assassinatos durante a ditadura e no período da redemocratização, por exemplo, quase escapa do conhecimento dos leitores o fato de que é a Ordem dos Advogados do Brasil, e não uma associação de terroristas, que defende a punição dos criminosos em qualquer época, independentemente de ter havido uma lei de anistia.
Honrando o saber jurídico vigente no mundo civilizado, a OAB quer que a tortura seja considerada crime sem prescrição. Assim também acontece com a maior parte dos outros temas contemplados no decreto.
A vanguarda do atraso
Há evidências de que o texto original sofreu alterações, e essas distorções estão sendo corrigidas. De qualquer maneira, a proposta inteira tem que ser transformada em projetos que serão levados ao Congresso Nacional para serem votados ao longo dos próximos meses. Com a má vontade que caracteriza a maioria dos congressistas quando não há vantagens em jogo. Para eles.
O projeto da descriminalização do aborto, como lembra a Folha de S.Paulo, está travado no Congresso desde 1991. Ao limitar o entendimento da sociedade sobre o que está sendo proposto, a imprensa tradicional reveste de um caráter revolucionário e controverso uma proposta que não faz mais do que equiparar a legislação brasileira ao resto do mundo contemporâneo.
Se o Brasil quer e pode ser uma potência econômica, também tem que dar o passo no sentido de modernizar as regras de convivência social, no que se refere ao direito das mulheres de dispor sobre seu próprio corpo, ao direito à defesa de suspeitos sem coação e tortura, ao direito de agricultores sem terra de pleitear políticas de gestão territorial mais eficientes, e assim por diante.
O resto é desinformação, que só ajuda os vanguardistas do atraso.
segunda-feira, 11 de janeiro de 2010
No reino da hipocrisia
por Silmara Helena
A imprensa brasileira é hipócrita. Ontem (domingo 10/01) ouvia a Rádio Jovem Pan quando entrou na programação um editorial no qual a emissora se posicionava contra o decreto assinado pelo Presidente Lula que, entre outras medidas, abre a possibilidade de punição, até mesmo com a perda da concessão, dos veículos de comunicação que não respeitarem os direitos humanos. Foi o que bastou para que a Jovem Pan já se arvorasse a criticar o governo federal e tratasse a questão como perseguição à imprensa e ameaça à liberdade de expressão.
Ora. Vamos aos fatos:
Os delegados da 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom) aprovaram diversas propostas voltadas à garantia da democratização dos meios; de participação da sociedade na definição de conteúdo e da punição àqueles veículos que ignoram solenemente o compromisso com a sociedade, e usam as concessões para acumular poder e dinheiro.
O cerco está se fechando. E o Brasil, assim como outros países da América Latina, precisam e vão avançar na consolidação da democracia. No entanto, somente será possível consolidar a democracia, se o Estado garantir, por meio do cumprimento dos preceitos constitucionais, que a imprensa exerça na prática o respeito irrestrito ao direito das pessoas. Com ou sem áudio. Na frente ou por detrás das câmeras.
A imprensa brasileira é hipócrita. Ontem (domingo 10/01) ouvia a Rádio Jovem Pan quando entrou na programação um editorial no qual a emissora se posicionava contra o decreto assinado pelo Presidente Lula que, entre outras medidas, abre a possibilidade de punição, até mesmo com a perda da concessão, dos veículos de comunicação que não respeitarem os direitos humanos. Foi o que bastou para que a Jovem Pan já se arvorasse a criticar o governo federal e tratasse a questão como perseguição à imprensa e ameaça à liberdade de expressão.
Ora. Vamos aos fatos:
- A comunicação no Brasil é dominada por poucas (dez no máximo) famílias que detém a propriedade dos principais veículos do País. Desde Assis Chateubriand, o País não conhece um meio de comunicação que não tenha como forma principal de financiamento a venda de publicidade. Isso faz com que a informação, longe de ser um bem público, torne-se moeda de troca para os mais espúrios interesses;
- Só tem direito à liberdade de expressão quem tem acesso aos veículos. E para ter acesso aos veículos, o cidadão precisa fazer parte da tal “elite” que domina a comunicação ou abrir espaço na base do dinheiro mesmo. Quem paga ganha espaço. Para falar qualquer coisa, inclusive, mentiras;
- A imprensa reproduz em suas páginas estereótipos e reforça preconceitos de raça, gênero, opção sexual. Ignora os conflitos entre brancos e negros; discrimina o MST e os movimentos sociais e menospreza a mulher e a luta pela igualdade de gêneros;
- O Brasil é um dos únicos países do mundo que não tem Lei de Imprensa. Jornalistas irresponsáveis falam e escrevem o que querem. Ao cidadão resta calar-se ou entrar na Justiça em busca de reparação. Os erros, propositais ou não cometidos pela imprensa, já acabaram com vidas e a Folha publicou, sem pudor, um documento falso contra a Ministra da Casa Civil, Dilma Roussef. O que aconteceu com a Folha? Nada. Bom, mas o que esperar de um jornal que emprestava os seus carros para levar presos políticos à tortura?
- A imprensa não dá direito ao contraditório. Tem lado e favorece este lado ao seu bel prazer, como se o leitor, o ouvinte ou o telespectador fosse um completo idiota e não percebesse a manipulação das informações. O digníssimo apresentador do Jornal Nacional Willian Bonner comparou o telespectador brasileiro ao Simpson pai; diga-se, de passagem, um verdadeiro imbecil (ele e o personagem);
- Por fim, parte desta imprensa apoiou o golpe militar, como já citei acima em relação à Folha. Alguns jornalistas, como demonstrou bem Boris Casoy , fazem parte desta elite preconceituosa e medíocre, que tem acesso aos meios de comunicação, faz discurso politicamente correto, mas por detrás dos microfones deixa cair as suas máscaras.
Os delegados da 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom) aprovaram diversas propostas voltadas à garantia da democratização dos meios; de participação da sociedade na definição de conteúdo e da punição àqueles veículos que ignoram solenemente o compromisso com a sociedade, e usam as concessões para acumular poder e dinheiro.
O cerco está se fechando. E o Brasil, assim como outros países da América Latina, precisam e vão avançar na consolidação da democracia. No entanto, somente será possível consolidar a democracia, se o Estado garantir, por meio do cumprimento dos preceitos constitucionais, que a imprensa exerça na prática o respeito irrestrito ao direito das pessoas. Com ou sem áudio. Na frente ou por detrás das câmeras.
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