quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Frei Betto sugere plano para quebrar o modelo verticalizado de comunicação

por Cecília Figueiredo

Suzano abriu a sua 1ª Conferência Municipal de Comunicação Social (Confecom) com a participação do escritor, teólogo e jornalista Frei Betto. Ele defendeu a mudança do modelo brasileiro de comunicação e disse que mídia está a serviço do capitalismo e do consumo.

Na avaliação do escritor Frei Betto, as mazelas produzidas por um sistema que alimenta a pobreza social têm forte amparo na comunicação. “A comunicação é que cria no nosso inconsciente atitudes e idéias, forja nossa maneira de pensar”. Da mercantilização da mulher à associação equivocada de pobreza à violência, da falta de restrição à indústria cinematográfica norte-americana à renovação indiscriminada das concessões públicas, sem cobrança de critérios, passando pela ideia que os sinais de rádios comunitárias provocariam a queda de aviões foram alguns dos exemplos citados. “Se as rádios comerciais que têm maior alcance não interferem, porque as comunitárias o fariam?”, questiona. “É uma propaganda enganosa como a de refrigerante”, comparou.

Para ele, será uma árdua tarefa quebrar o atual modelo de comunicação, “verticalizado e oligopólizado”, no entanto será importante para que a população passe a conhecê-lo. Uma das discussões polêmicas que a Conferência deverá debater refere-se à concessão pública.

Ao citar famílias que controlam emissoras de TV e Rádio no país, ele esclarece: “eles não são donos, são concessionários. Poderiam então não ter suas concessões renovadas. Mas, o que acontece é que o governo ainda paga para anunciar campanhas e informações de utilidade pública”. E define: “isso é extorsão!”

Sobre a internet, ele analisa que o alto fluxo de informações impede que se crie uma síntese cognitiva. “O jovem não consegue criar sua identidade. Um dia será o Che (Guevara) e no outro o (Adolf) Hitler”. “A falta de identidade, individualização, leva à perda da utopia, do sonho, de um projeto coletivo. Na época de minha juventude, injetávamos na veia esperanças libertárias”.

Além de apontar a educação como um dos caminhos efetivos para alterar o modelo atual, o que inclui o investimento na formação de professores, o palestrante defendeu um plano de comunicação com diretrizes e metas, que proíba o uso da imagem da criança e outros critérios para a programação infantil.

A criação de um circuito nacional de exibição coletiva de filmes, DVDs, além da abertura de bibliotecas, estímulo à leitura e construção de meios alternativos de comunicação foram outras proposta apresentadas por ele, assim como a veiculação de interesse público gratuita nos veículos, o desenvolvimento de programa de leitura crítica da comunicação e defesa da cidadania, dos direitos humanos e da dignidade humana.

(Leia matéria completa no site da Prefeitura de Suzano: www.suzano.sp.gov.br)

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